O Papel da Psicologia nas Doenças Cardiovasculares
- Psicóloga: Débora Gonçalves
- 29 de abr. de 2015
- 2 min de leitura
As doenças cardiovasculares são atualmente consideradas, em todo o mundo o "inimigo número um da saúde pública". Estas representam 1/4 de todas as causas de mortalidade em ambos os géneros (masculino versus feminino). Em Portugal, esta doença é encarada como a principal causa de morte, revelando impacto significativo no funcionamento geral do individuo, quer seja a nível físico, psicológico e/ou social.
Segundo a literatura, as doenças cardiovasculares não se manifestam em consequência de apenas uma variável, mas sim através de várias, nomeadamente biológicas (genética), psicológicas (comportamentos e cognições) e sociais (ambientais). Refletindo um pouco sobre esta patologia e o seu aparecimento, verifica-se que muitas destas variáveis não podem ser controladas, como sendo as de ordem genética. Todavia outras, como são as de domínio comportamental, podem ser alteradas (a título de exemplo, comportamentos aditivos: tabaco, álcool, drogas; alimentares: obesidade e de atividade física), tendo em conta que a sua influência no aparecimento de doenças cardíacas é significativa.
Paralelamente a nível psicológico, o stress, a personalidade, as emoções negativas (que fazem parte da sobrevivência humana, mas que devem ser adequadamente geridas) são tidas como variáveis psicossociais que têm tido relação com o surgimento das doenças cardiovasculares.

Na saúde mental, o que se constata é que a depressão (perturbação do humor) tem sido associada ao aumento do risco desta patologia. Estudos concluem, que a vivência de um episódio cardíaco na vida do indivíduo tem repercussões negativas no seu funcionamento emocional, podendo tal situação, contribuir para uma maior vulnerabilidade à doença cardíaca. Autores consideram que indivíduos portadores de um enfarte do miocárdio experienciam com regularidade episódios depressivos e ansiosos, bem como, outro tipo de sintomatologia negativa (e.g. insónias, isolamento, pensamentos negativos, tristeza, etc.) associada a um destes quadros patológicos.
Numa situação de doença cardiovascular, é importante enfatizar quatro áreas de atuação: a nível médico: dar informação ao doente sobre a doença e factores de risco associados, promovendo um plano de recuperação e acompanhamento médico; a nível psicológico: acompanhar clinicamente o doente em todo este processo, promovendo a autonomia e o seu bem-estar geral; a nível comportamental: promover a alteração de hábitos de vida, sejam eles alimentares ou desportivos e por fim, a nível social: promover a recuperação das suas tarefas diárias.
Tendo em conta que a presença de problemas psicopatológicos é significativa, em quadros de doenças cardiovasculares, o papel do psicólogo nestas situações é de extrema relevância. Assim, considera-se imperativo um acompanhamento individual e especializado, ajustado a cada caso. Do ponto de vista terapêutico/interventivo, este acompanhamento técnico passa pela implementação de estratégias de coping funcionais e adaptativas. Pretende-se com esta intervenção, auxiliar os doentes cardíacos a gerirem adequadamente sintomas negativos, inerentes à presença de quadros patológicos (depressão e ansiedade), que são reativos a sua condição de saúde.
Para finalizar, e depois do exposto, torna-se fundamental que o plano de reabilitação num quadro de doença cardiovascular, seja implementado segundo princípios médicos e clínicos de uma equipa multidisciplinar.
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