Doenças Cardiovasculares
- Enfermeira: Mariana Fernandes
- 29 de abr. de 2015
- 4 min de leitura

A doença cardíaca coronária, que inclui o enfarte agudo do miocárdio, a angina de peito, a doença cardíaca aterosclerótica, e todas as outras formas de doença cardíaca isquémica aguda e crónica, constitui a principal causa de morte no mundo ocidental industrializado (42 - 48% de todas as mortes). Em Portugal morrem por dia, 140 a 150 pessoas por doença cardíaca coronária. A Organização Mundial de Saúde, declarou que todos os anos morrem cerca de 12 milhões de pessoas por doença cardíaca.
A doença das artérias coronárias (DAC) é uma designação genérica para muitas doenças diferentes, que envolve a obstrução do fluxo sanguíneo através das artérias do coração. As etiologias mas prevalentes da DAC são a aterosclerose, o vasospasmo coronário e a angina microvascular. A angina microvascular resulta do mau funcionamento dos vasos sanguíneos mais pequenos do coração. A aterosclerose é de longe a causa mais frequente de DAC.
Os fatores de risco e a presença de situações patológicas concomitantes no indivíduo influenciam a incidência de DAC. Os fatores de risco classificam-se convencionalmente em modificáveis e não-modificáveis. Dentro dos fatores não modificáveis distinguem-se a idade, o sexo, a raça, a história familiar e a genética. A diabetes, a hipertensão, o tabagismo, a vida sedentária, a obesidade e o stress fazem parte dos fatores de risco modificáveis.
Fatores de risco não-modificáveis:
Idade e Sexo: Raramente ocorre um sinal clínico antes dos vinte ou trinta anos, mas a DAC já é considerada a principal causa de morte em indivíduos do sexo masculino com idades compreendidas entre os 35 e 45 anos. A média de idade de ocorrência do primeiro enfarte do miocárdio é de 68,8 anos para o homem e 70,4 anos para a mulher. 84% dos indivíduos que morrem de doença cardíaca coronária tem idade igual ou superior a 65 anos. Estes factos devem-se ao efeito fisiológico da diminuição da elasticidade das artérias com a idade. A incidência de DAC aumenta significativamente na mulher após a menopausa, e uma em cada três mulheres depois dos 61 anos tem uma forma de DAC. Ao contrário do que antes se pensava, a terapia hormonal de substituição (THS) está associada ao aumento de eventos cardiovasculares em mulheres. Como tal, a THS já não é recomendada para a prevenção de doença cardíaca na mulher.
Raça: A DAC não é discriminatória, afetando todas as raças. Outros fatores de risco como a hipertensão, a obesidade, estilos de vida, as tradições étnicas e o acesso a cuidados de saúde podem desempenhar um papel mais importante no desenvolvimento de doenças cardíacas do que propriamente a raça.
História familiar e Genética: A probabilidade de um filho vir a sofrer de DAC aumenta, se o pai ou mãe biológico (a) manifestar DAC antes dos 55 anos. A genética pode influenciar a incidência de DAC através da codificação diferencial dos genes responsáveis pelo metabolismo dos lípidos, homocisteína e coagulação. No entanto, entre as variáveis influentes estão os fatores ambientais e opções individuais de estilo de vida.
Fatores de risco modificáveis:
Diabetes: A doença cardíaca é a principal causa de morte relacionada com Diabetes, sendo que, os adultos com Diabetes tem taxas de mortalidade por doença cardíaca quatros vezes mais altas que os adultos que não sofrem desta patologia. Os níveis elevados de insulina na circulação, resultante da resistência periférica a insulina, podem dar início ao processo da formação de ateroma, incluindo triglicerídeos altos, diminuição dos valores das lipoproteínas de alta densidade (HDL), aumento dos valores das lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), coagulopatias, aumento da resistência vascular, obesidade e hipertensão.
Hipertensão: A hipertensão definida como o aumento da pressão arterial acima de 140/90 mmHg avaliada em, pelo menos, três ocasiões, aumenta três vezes mais a incidência de DAC. A hipertensão afeta a capacidade de o vaso sanguíneo contrair/dilatar e predispõem a artéria para a formação de placas de ateroma. O controlo adequado da hipertensão com terapêutica e modificação dos estilos de vida pode reduzir a doença cardíaca na população hipertensa.
Tabaco: O risco de mortalidade por DAC em fumadores passivos e não passivos é significativamente mais alto de que nos não-fumadores, o risco é proporcional a quantidade de tabaco consumido. A nicotina proporciona o aumento da formação de placas de ateroma, agregação plaquetária, frequência cardíaca e pressão arterial.
Vida Sedentária: O exercício está associado à diminuição do colesterol total, lipoproteínas de baixa densidade e dos triglicéridos. A incidência de DAC é superior em indivíduos com vida sedentária.
Dislipidemia (colesterol no sangue): A dislipidemia aumenta o risco de lesão dos vasos sanguíneos, com o acúmulo de placas de ateroma que aumenta significativamente a incidência de enfarte agudo do miocárdio. Níveis de colesterol total superiores a 200 mg/dl são preocupantes.
Obesidade: Os obesos têm mais tendências para a hipertensão e triglicéridos altos elevados e mostram com frequência comportamentos e estilos de vida sedentária.
Stress: As catecolaminas libertadas durante a resposta ao stress, aumentam a agregação plaquetária e podem predispor ao vasospasmo. Contudo, é necessária mais investigação para se compreender o efeito do stress na circulação.
Recomendações para prevenção da DAC:
Controle a pressão arterial através de medicação (quando necessário e com receita médica) e avaliações regulares;
Se tiver antecedentes familiares de enfarte agudo do miocárdio, hipertensão, diabetes ou dislipidemia, fique mais atento;
Pare de fumar;
Evite bebidas alcoólicas (o vinho tinto, consumido moderadamente, ajuda a prevenir as doenças cardíacas mas não pelo teor do álcool mas sim, pelas propriedades benéficas da uva);
Faça uma alimentação saudável diminuindo a ingestão de sal e gorduras, preferindo alimentos de origem vegetal como os cereais, fruta e hortaliça;
Beba bastante água;
Pratique atividade física orientada regularmente;
Evite o stress;
Recupere o peso ideal.
Sinais/Sintomas de enfarte do miocárdio/angina de peito:
Dor torácica localizada na região central do peito, a qual pode irradiar para as costas, mandíbula, membros superiores e dorso. A dor pode ainda ocorrer apenas em uma ou várias dessas localizações e não no peito.
Sudorese excessiva, palidez, agitação, tonturas, desmaio, ansiedade ou sensação de morte iminente.
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