Terapia da Fala
- Terapeuta da Fala: Joana Oliveira
- 11 de jun. de 2015
- 4 min de leitura

Como surgiu:
A terapêutica da fala, ou terapia da fala, como meio de intervenção específico para a comunicação, linguagem, fala e deglutição, surgiu nos Estados Unidos da América (EUA), para reabilitação dos soldados de duas guerras dos EUA (II Guerra Mundial e Vietname).
Era uma terapia virada para a recuperação de capacidades perdidas em utentes adultos e virada essencialmente para a recuperação da Fala.
Nos nossos dias:
Atualmente, e segunda a ASHA (2007) – American Speech Language Hearing Association - o terapeuta da fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita mas também outras formas de comunicação não verbal.
O Terapeuta da Fala avalia e intervém em indivíduos de todas as idades, desde recém-nascidos a idosos, tendo por objetivo geral otimizar as capacidades de comunicação e/ou deglutição do indivíduo, melhorando, assim, a sua qualidade de vida (www.aptf.org).
Intervenção da Terapia da Fala:
Pode ser direta ou indireta;
Envolve terapia, reabilitação e reintegração no meio social e profissional;
Intervenção precoce;
Orientação;
Aconselhamento;
Áreas de atuação
Comunicação:
Doenças degenerativas do Sistema Nervoso Central (SNC), autismo e alguns síndromes podem condicionar a comunicação da criança/adulto, impossibilitando o uso da fala e/ou linguagem escrita para comunicar.
Neste sentido o Terapeuta da Fala intervém adequando e instalando um sistema aumentativo e/ou alternativo à comunicação.
Linguagem oral:A linguagem é considerada a forma de comunicação por excelência e exclusiva do ser humano, permitindo a troca de ideias, a expressão de sentimentos, a interação e a aprendizagem.
O Terapeuta da Fala intervém na aquisição ou reabilitação da linguagem oral, avaliando a(s) componente(s) afetada(s) e as áreas linguísticas comprometidas.
Linguagem escrita:
A linguagem escrita, ao contrário da linguagem oral, pressupõe uma aprendizagem explícita dos grafemas que convertem a linguagem oral em linguagem escrita.
O Terapeuta da Fala intervém nos casos de dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita.
Articulação:
A articulação verbal consiste na produção oral dos fonemas/sons. Para uma articulação correta dos sons é necessário que as estruturas e os músculos orofaciais estejam sadios.
Fluência:
A fluência consiste na capacidade de encadear os sons da fala de forma contínua, possibilitando assim um discurso fluente, com ritmo e pausas adequadas. Um discurso não fluente carateriza-se por bloqueios no início da emissão, repetições ou prolongamentos de sílabas e pausas excessivas que se produzem numa gaguez.
Voz:
A voz é um mecanismo fisiológico que permite a emissão de som durante a fala. Alteração na qualidade vocal indica alteração ao nível da estrutura ou do movimento das cordas vocais, que pode ter origem orgânica (nódulos, pólipos) ou funcional (mau uso ou abuso vocal).
O Otorrinolaringologista é o médico responsável pela realização do exame e diagnóstico da causa da alteração vocal. O Terapeuta da Fala intervém na prevenção da sintomatologia, na cessação dos maus usos e abusos vocais e na prática de saúde vocal.
Deglutição:
A deglutição consiste na capacidade de ingestão de alimentos e é dividida em 4 fases (preparatória, oral, faríngea e esofágica). Por questões neurológicas ou mecânicas pode ocorrer dificuldades em uma ou mais fases da deglutição, comprometendo assim uma nutrição e hidratação segura.
O Terapeuta da Fala avalia e intervém na reabilitação da deglutição.
Motricidade orofacial
Relaciona-se com o desenvolvimento, aperfeiçoamento e reabilitação dos órgãos fonoarticulatórios e região cervical, bem como das respectivas funções estomatognáticas (a sucção, a mastigação, a respiração e a fala).

Sinais de Alerta
•Aos 2 anos não fala ou começou a dizer as primeiras palavras mais tarde do que o habitual; (aos 16 meses sem falar já é sinal de alerta);
•Mostra-se relutante em imitar sons ou palavras;
•Mostra-se desinteressada em comunicar com as pessoas
•Mostra-se frustrada ao tentar comunicar;
•A criança não produz ainda frases com duas palavras (ex. quero bolo) aos 2 anos;
•Não compreende ordens/indicações simples ou o que lhe é dito;
•Não produz frases curtas ou não responde a perguntas simples;
•“Fala por falar” e não para estabelecer uma relação com o outro;
•Aos 3 anos ainda não produz frases ou possui um vocabulário reduzido;
•Não consegue contar uma história aos 3 anos;
•Não faz perguntas;
•Apresenta esforço para e/ou ao falar;
•Tem mais de 4 anos e gagueja;
•Fala pelo nariz;
•Usa maioritariamente palavras concretas como objectos, utilizando menos verbos ou adjectivos;
•Apresenta dificuldades em articular determinados sons;
•Evidencia uma articulação imatura;
•Utiliza frequentemente palavras genéricas ou vazias (ex. Isto põe ali assim; Este coiso, …);
•Existe a necessidade de adaptar o discurso ou falar de um modo especial ou de recorrer a objectos ou gestos para a criança o perceber;
•Apresenta dificuldades em memorizar ou acompanhar canções infantis;
•Mostra dificuldades em perceber que as palavras podem dividir-se em partes mais pequenas;
•Só utiliza a 3.ª pessoa, o presente do indicativo e as formas impessoais (infinitivos e particípios) até aos 5 anos;
•Repete palavras ou enunciados sem prosódia/entoação imediatamente após a palavra ouvida do interlocutor ou algum tempo depois – ecolália.
Estratégias
•Aprender a Comunicar é como jogar ping-pong: quando um jogador é melhor do que o outro, deve adaptar continuamente a sua maneira de jogar à do seu par, para que este possa bater a bola e melhorar a sua técnica. No mesmo sentido, um educador deve aprender a adaptar a sua forma de comunicar com a criança tendo em conta as aptidões desta.
•Não podemos forçar uma criança a comunicar, ela só aprende se o desejar verdadeiramente. O melhor momento para o fazer é quando ela inicia a comunicação por iniciativa própria. É necessário reconhecer todas as formas que a criança utiliza para iniciar a comunicação por mais subtis que sejam (olhar, gestos, sons, etc.).
Estratégias para facilitar a Expressão
•Identificar o tópico da conversa;
•Dar tempo para a criança responder;
•Incentivar diferentes formas de comunicação, quando não se compreende de forma eficaz o que a criança tenta transmitir;
•Certificar-se que ela transmitiu o que pretendia, devolvendo o que nos foi dito;
•Dizer quando não a percebemos e pedir para reformular;
•Realizar perguntas de resposta sim/não, quando de outra forma não se compreende a mensagem;
•Fornecer opções quando a criança não responde correctamente;
•Proporcionar a mudança de tópico quando o interesse diminui.
Estratégias para facilitar a Compreensão
•Falar devagar com a articulação exagerada;
•Verificar se a criança está a olhar para nós;
•Sinalizar a mudança de tópico;
•Fornecer o tema da conversa;
•Certificar-se de que ela está a compreender;
•Repetir quando se verifica que não percebeu;
•Associar a fala a outras formas de comunicação e aumentar o recurso às não verbais;
•Usar palavras com conteúdo e enfatizá-las.
•Evitar discursos redundantes e vocabulário rebuscado;
•Formar frases curtas e simples;
•Evitar fazer muito ruído;
•Não fornecer muita informação simultaneamente;
•Não falar mais alto nem gritar.
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